Bom hoje resolvi oferecer-vos "Le Temps des Cerises". Esta canção foi interpretada por vários cantores incluindo Yves Montand por exemplo.
Porém como já ouvimos Yves Montand numa outra canção escolhemos Nana Mouskouri. Aqui fica também a letra da canção para que possam acompanhar.
Quand nous en serons au temps des cerises (Quand nous chanterons le temps des cerises)
Et gai rossignol et merle moqueur
Seront tous en fête
Les belles auront la folie en tête
Et les amoureux du soleil au cœur
Quand nous chanterons le temps des cerises
Sifflera bien mieux le merle moqueur
Mais il est bien court , le temps des cerises
Où l'on s'en va deux cueillir en rêvant
Des pendants d'oreilles
Cerises d'amour aux robes pareilles (aux larmes pareilles)
Tombant sous la feuille en goutte de sang
Mais il est bien court le temps des cerises
Pendants de corail qu'on cueille en rêvant
Quand vous en serez au temps des cerises
Si vous avez peur de chagrins d'amour
Evitez les belles
Moi qui ne crains pas les peines cruelles
Je ne vivrai pas sans souffrir un jour
Quand vous en serez au temps des cerises
Vous aurez aussi des chagrins d'amour
J'aimerai toujours le temps des cerises
C'est de ce temps-là que je garde au cœur
Une plaie ouverte
Et Dame Fortune en m' étant offerte
Ne saura jamais calmer ma douleur (Ne pourra jamais fermer ma douleur)
J'aimerai toujours le temps des cerises
Et le souvenir que je garde au cœur
domingo, 29 de março de 2009
domingo, 22 de março de 2009
Françoise Hardy - Tous les garçons et les filles de mon âge
Bem hoje temos uma música ligeira de uma das vozes mais doces que conheço e sim uma das cantoras mais belas de que me lembro. Esta também era uma daquelas canções que devo ter ouvido mais de um milhar de vezes ...
Confesso que me perguntava sempre como era possível uma beleza daquelas estar sozinha. Pouco credível :-) ... Oiçam e vejam aqui esta canção de 1962. Françoise Hardy tem outras canções muito interessantes como por exemplo "Mon amie la rose" que ouviremos mais tarde ... sempre com aquela voz que derretia corações.
Tous les garcons et les filles de mon age
Se promenent dans la rue deux par deux
Tous les garcons et les filles de mon age
Savent bien ce que c'est d'etre heureux
Et les yeux dans les yeux
Et la main dans la main
Ils s'en vont amoureux
Sans peur du lendemain
Oui mais moi je vais seule
Dans la rue l'ame en peine
Oui mais moi je vais seule
Car personne ne m'aime
Mes jours comme mes nuits
Sont en tous points pareils
Sans joies et pleins d'ennuis
Personne ne murmure je t'aime a mon oreille
Todos os rapazes e raparigas da minha idade
Passeiam nas ruas aos pares
Todos os rapazes e raparigas da minha idade
Sabem o que é ser feliz
E os olhos nos olhos
de mãos dadas
vão apaixonados
sem medo do amanhã
sim mas eu vou sozinha
na rua, a alma pesada
sim vou sozinha
porque ninguém me ama
os meus dias como as minhas noites
são sempre iguais
sem alegrias e só tristeza
ninguém me murmura "amo-te"
à minha orelha
Tous les garcons et les filles de mon age
Font ensemble des projets d'avenir
Tous les garcons et les filles de mon age
Savent bien ce que aimer veut dire
Et les yeux dans les yeux
Et la main dans la main
Ils s'en vont amoureux
Sans peur du lendemain
Oui mais moi je vais seule
Dans la rue l'ame en peine
Oui mais moi je vais seule
Car personne ne m'aime
Mes jours comme mes nuits
Sont en tous points pareils
Sans joies et pleins d'ennuis
Oh quand pour moi brillera le soleil
Todos os rapazes e raparigas da minha idade
Fazem juntos projecto para o futuro
Todos os rapazes e raparigas da minha idade
Sabem bem o que amar quer dizer
E os olhos nos olhos
de mãos dadas
vão apaixonados
sem medo do amanhã
sim mas eu vou sozinha
na rua, a alma pesada
sim vou sozinha
porque ninguém me ama
os meus dias como as minhas noites
são sempre iguais
sem alegrias e só tristeza
oh, quando é que brilhará o sol para mim ?
Comme les garcons et les filles de mon age
J'connaitrais bientot ce qu'est l'amour
Comme les garcons et les filles de mon age
Je me demande quand viendra le jour
Ou les yeux dans les yeux
Ou la main dans la main
J'aurais le coeur heureux
Sans peur du lendemain
Le jour ou je n'aurais plus du tout
L'ame en peine
Le jour ou moi aussi
J'aurais quelqu'un qui m'aime
Como os rapazes e raparigas da minha idade
Saberei em breve o que é o amor
Como os rapazes e raparigas da minha idade
Pergunto-me quando virá o dia onde
Olhos nos Olhos
de mão dada
ficarei com o coração feliz
sem medo do amanhã
o dia em que já não terei
a alma pesada
o dia em que eu também
terei alguém que me ama ...
Confesso que me perguntava sempre como era possível uma beleza daquelas estar sozinha. Pouco credível :-) ... Oiçam e vejam aqui esta canção de 1962. Françoise Hardy tem outras canções muito interessantes como por exemplo "Mon amie la rose" que ouviremos mais tarde ... sempre com aquela voz que derretia corações.
Tous les garcons et les filles de mon age
Se promenent dans la rue deux par deux
Tous les garcons et les filles de mon age
Savent bien ce que c'est d'etre heureux
Et les yeux dans les yeux
Et la main dans la main
Ils s'en vont amoureux
Sans peur du lendemain
Oui mais moi je vais seule
Dans la rue l'ame en peine
Oui mais moi je vais seule
Car personne ne m'aime
Mes jours comme mes nuits
Sont en tous points pareils
Sans joies et pleins d'ennuis
Personne ne murmure je t'aime a mon oreille
Todos os rapazes e raparigas da minha idade
Passeiam nas ruas aos pares
Todos os rapazes e raparigas da minha idade
Sabem o que é ser feliz
E os olhos nos olhos
de mãos dadas
vão apaixonados
sem medo do amanhã
sim mas eu vou sozinha
na rua, a alma pesada
sim vou sozinha
porque ninguém me ama
os meus dias como as minhas noites
são sempre iguais
sem alegrias e só tristeza
ninguém me murmura "amo-te"
à minha orelha
Tous les garcons et les filles de mon age
Font ensemble des projets d'avenir
Tous les garcons et les filles de mon age
Savent bien ce que aimer veut dire
Et les yeux dans les yeux
Et la main dans la main
Ils s'en vont amoureux
Sans peur du lendemain
Oui mais moi je vais seule
Dans la rue l'ame en peine
Oui mais moi je vais seule
Car personne ne m'aime
Mes jours comme mes nuits
Sont en tous points pareils
Sans joies et pleins d'ennuis
Oh quand pour moi brillera le soleil
Todos os rapazes e raparigas da minha idade
Fazem juntos projecto para o futuro
Todos os rapazes e raparigas da minha idade
Sabem bem o que amar quer dizer
E os olhos nos olhos
de mãos dadas
vão apaixonados
sem medo do amanhã
sim mas eu vou sozinha
na rua, a alma pesada
sim vou sozinha
porque ninguém me ama
os meus dias como as minhas noites
são sempre iguais
sem alegrias e só tristeza
oh, quando é que brilhará o sol para mim ?
Comme les garcons et les filles de mon age
J'connaitrais bientot ce qu'est l'amour
Comme les garcons et les filles de mon age
Je me demande quand viendra le jour
Ou les yeux dans les yeux
Ou la main dans la main
J'aurais le coeur heureux
Sans peur du lendemain
Le jour ou je n'aurais plus du tout
L'ame en peine
Le jour ou moi aussi
J'aurais quelqu'un qui m'aime
Como os rapazes e raparigas da minha idade
Saberei em breve o que é o amor
Como os rapazes e raparigas da minha idade
Pergunto-me quando virá o dia onde
Olhos nos Olhos
de mão dada
ficarei com o coração feliz
sem medo do amanhã
o dia em que já não terei
a alma pesada
o dia em que eu também
terei alguém que me ama ...
domingo, 8 de março de 2009
Serge Regianni - Sarah
Entre as canções que ouvia muito na minha infância "Sarah" foi uma delas, cantada por Regianni. Desse mesmo cantor ouvi também muito Boris Vian (sem saber na altura o que estava a ouvir neste exemplo achava simplesmente divertida a letra ... ) e uma outra canção que entendia mal na altura "Les Loups sont entrés dans Paris". Regianni cantava também frequentemente uma outra canção "Ma Liberté" mas essa confesso que prefiro ouvir na interpretação de Moustraki.
Bastante mais tarde gostei de o ouvir interpretar Prevert, já no ocaso da sua carreira em 1994 num disco só com canções deste grande poeta francês por exemplo Barbara (esta em particular já a tinha interpretado anteriormente).
Voltando a Sarah que eventualmente conhecem pelo "La femme qui est dans mon lit n´a plus vingt ans depuis longtemps " aqui fica numa interpretação com a introdução que raramente era incluída nos discos ... poema e música de Moustaki que "também" a cantou.
Introdução (falada)
Si vous la rencontrez, bizarrement parée,
Se faufilant, au coin d'une rue égarée,
Et la tête et l'oeil bas comme un pigeon blessé,
Traînant dans les ruisseaux un talon déchaussé,
Messieurs, ne crachez pas de jurons ni d'ordure
Au visage fardé de cette pauvre impure
Que déesse Famine a par un soir d'hiver,
Contrainte à relever ses jupons en plein air.
Cette bohème-là, c'est mon tout, ma richesse,
Ma perle, mon bijou, ma reine, ma duchesse.
Se a encontrarem, estranhamente decorada
escondendo-se, num canto de uma rua perdida,
cabeça e olhos no chão como um pombo ferido,
arrastando nas bermas dos passeios um talão perdido,
senhores, não cuspam palavrões ou lixo
na cara suja dessa pobre impura
que a deusa fome numa noite de inverno
obrigou a levantar as suas saias em plena rua.
essa vagabunda, é tudo o que tenho, é a minha riqueza,
a minha pérola, a minha raínha, a minha duquesa.
Letra:
La femme qui est dans mon lit
N'a plus 20 ans depuis longtemps
Les yeux cernés
Par les années
Par les amours
Au jour le jour
La bouche usée
Par les baisers
Trop souvent, mais
Trop mal donnés
Le teint blafard
Malgré le fard
Plus pâle qu'une
Tâche de lune
A mulher que está na minha cama
já não tem 20 anos há muito
os olhos marcados
pelos anos
pelos amores
do dia a dia
a boca usada
pelos beijos
demasiado frequentes, mas
muitas vezes mal dados
a cor mórbida
apesar do fardo
mais pálida que
uma sombra da lua
La femme qui est dans mon lit
N'a plus 20 ans depuis longtemps
Les seins si lourds
De trop d'amour
Ne portent pas
Le nom d'appas
Le corps lassé
Trop caressé
Trop souvent, mais
Trop mal aimé
Le dos vouté
Semble porter
Des souvenirs
Qu'elle a dû fuir
A mulher que está na minha cama
já não tem 20 anos há muito
Os seios pesados
de demasiado amor
já não têm
o nome do desejo
o corpo fatigado
demasiado acariciado
demasiado amado, mas
demasiado vezes mal amado
as costas dobradas
parece carregar
as lembranças
de que deve ter fugido
La femme qui est dans mon lit
N'a plus 20 ans depuis longtemps
Ne riez pas
N'y touchez pas
Gardez vos larmes
Et vos sarcasmes
Lorsque la nuit
Nous réunit
Son corps, ses mains
S'offrent aux miens
Et c'est son cœur
Couvert de pleurs
Et de blessures
Qui me rassure.
A mulher que está na minha cama
já não tem 20 anos há muito
não riam
Não lhe toquem
guardem as vossas lágrimas
e o vosso sarcasmo
quando a noite
nos reúne
o seu corpo , as suas mãos
oferecem-se às minhas
e é o seu coração
coberto de lágrimas
e de feridas
que me tranquiliza.
Bastante mais tarde gostei de o ouvir interpretar Prevert, já no ocaso da sua carreira em 1994 num disco só com canções deste grande poeta francês por exemplo Barbara (esta em particular já a tinha interpretado anteriormente).
Voltando a Sarah que eventualmente conhecem pelo "La femme qui est dans mon lit n´a plus vingt ans depuis longtemps " aqui fica numa interpretação com a introdução que raramente era incluída nos discos ... poema e música de Moustaki que "também" a cantou.
Introdução (falada)
Si vous la rencontrez, bizarrement parée,
Se faufilant, au coin d'une rue égarée,
Et la tête et l'oeil bas comme un pigeon blessé,
Traînant dans les ruisseaux un talon déchaussé,
Messieurs, ne crachez pas de jurons ni d'ordure
Au visage fardé de cette pauvre impure
Que déesse Famine a par un soir d'hiver,
Contrainte à relever ses jupons en plein air.
Cette bohème-là, c'est mon tout, ma richesse,
Ma perle, mon bijou, ma reine, ma duchesse.
Se a encontrarem, estranhamente decorada
escondendo-se, num canto de uma rua perdida,
cabeça e olhos no chão como um pombo ferido,
arrastando nas bermas dos passeios um talão perdido,
senhores, não cuspam palavrões ou lixo
na cara suja dessa pobre impura
que a deusa fome numa noite de inverno
obrigou a levantar as suas saias em plena rua.
essa vagabunda, é tudo o que tenho, é a minha riqueza,
a minha pérola, a minha raínha, a minha duquesa.
Letra:
La femme qui est dans mon lit
N'a plus 20 ans depuis longtemps
Les yeux cernés
Par les années
Par les amours
Au jour le jour
La bouche usée
Par les baisers
Trop souvent, mais
Trop mal donnés
Le teint blafard
Malgré le fard
Plus pâle qu'une
Tâche de lune
A mulher que está na minha cama
já não tem 20 anos há muito
os olhos marcados
pelos anos
pelos amores
do dia a dia
a boca usada
pelos beijos
demasiado frequentes, mas
muitas vezes mal dados
a cor mórbida
apesar do fardo
mais pálida que
uma sombra da lua
La femme qui est dans mon lit
N'a plus 20 ans depuis longtemps
Les seins si lourds
De trop d'amour
Ne portent pas
Le nom d'appas
Le corps lassé
Trop caressé
Trop souvent, mais
Trop mal aimé
Le dos vouté
Semble porter
Des souvenirs
Qu'elle a dû fuir
A mulher que está na minha cama
já não tem 20 anos há muito
Os seios pesados
de demasiado amor
já não têm
o nome do desejo
o corpo fatigado
demasiado acariciado
demasiado amado, mas
demasiado vezes mal amado
as costas dobradas
parece carregar
as lembranças
de que deve ter fugido
La femme qui est dans mon lit
N'a plus 20 ans depuis longtemps
Ne riez pas
N'y touchez pas
Gardez vos larmes
Et vos sarcasmes
Lorsque la nuit
Nous réunit
Son corps, ses mains
S'offrent aux miens
Et c'est son cœur
Couvert de pleurs
Et de blessures
Qui me rassure.
A mulher que está na minha cama
já não tem 20 anos há muito
não riam
Não lhe toquem
guardem as vossas lágrimas
e o vosso sarcasmo
quando a noite
nos reúne
o seu corpo , as suas mãos
oferecem-se às minhas
e é o seu coração
coberto de lágrimas
e de feridas
que me tranquiliza.
domingo, 1 de março de 2009
Gilbert Bécaud - L´important c´est la rose
Não, não tem nada a ver com o espectáculo socialista deste fim de semana (ah, é um congresso ? desculpem não reparei ... ). Foi por causa de um post que li este fim de semana que me lembrei desta canção.
Gilbert Bécaud muitas vezes considerado "popularucho", assim estilo Romana, não deixa de ser um cantor influente da música popular francesa, cantado por Yves Montand e Edith Piaf entre outros.
Interpretou e escrevou para além desta canção algumas outras como Et Maintenant cantada por mais de uma dezena de interpretes de todo o mundo ou ainda "C´est en Septembre" (que eventualmente conhecerão na versão de Neil Diamond).
A canção de que nos falamos tem música de Bécaud claro e poema de Louis Amade um dos seus poetas preferidos. Oiçam aqui uma interpretação com Bécaud ainda novo, o sr. 100.000 volts, que tratava o público por "Tu", sempre com uma gravata às bolas (fétiche da primeira audição em que reza a história tinha uma gravata expresso feita de um pedaço de vestido da sua mãe) ...
L'IMPORTANT C'EST LA ROSE
Poema: Louis Amade
Música: Gilbert Bécaud
Toi qui marches dans le vent
Seul dans la trop grande ville
Avec le cafard tranquille du passant
Toi qu'elle a laissé tomber
Pour courir vers d'autres lunes
Pour courir d'autres fortunes,
L'important...
Tu que andas contra o vento
Só na cidade demasiado grande
Com a angustia tranquila do caminhante
Tu que ela deixou
para correr atrás de outras luas
para correr atrás de outras fortunas
O importante ...
[Refrain]
L'important c'est la rose
L'important c'est la rose
L'important c'est la rose
Crois-moi
[Refrão]
O importante é a rosa
O importante é a rosa
O importante é a rosa
Acredita
Toi qui cherches quelque argent
Pour te boucler la semaine
Dans la ville tu promènes ton ballant
Cascadeur, soleil couchant
Tu passes devant les banques
Si tu n'es que saltimbanque,
L'important...
Tu que procuras dinheiro
para aguentar a semana
Tu que na cidade passeias dansando
cascadeur, no pôr do sol
Tu passas à frente dos bancos
mas és apenas um saltimbanco,
O importante ...
[Refrão]
Toi, petit, que tes parents
Ont laissé seul sur la terre
Petit oiseau sans lumière, sans printemps
Dans ta veste de drap blanc
Il fait froid comme en Bohême
T'as le coeur comme en carême,
Et pourtant...
Tu criança, que os teus pais
deixaram só na terra
pequeno passarinho sem luz, sem primavera
Na tua vestimenta de pano branco
Faz frio como na boémia
tens o coração como na quaresma
e no entanto ...
[Refrão]
Toi pour qui, donnant-donnant,
J'ai chanté ces quelques lignes
Comme pour te faire un signe en passant
Dis à ton tour maintenant
Que la vie n'a d'importance
Que par une fleur qui danse
Sur le temps...
Tu para quem, só para te dar algo,
Cantei estas simples linhas
Como para te fazer um sinal
Diz agora tu
que a vida só tem importância
para uma flor que dança
sobre o tempo ...
[Refrão]
Gilbert Bécaud muitas vezes considerado "popularucho", assim estilo Romana, não deixa de ser um cantor influente da música popular francesa, cantado por Yves Montand e Edith Piaf entre outros.
Interpretou e escrevou para além desta canção algumas outras como Et Maintenant cantada por mais de uma dezena de interpretes de todo o mundo ou ainda "C´est en Septembre" (que eventualmente conhecerão na versão de Neil Diamond).
A canção de que nos falamos tem música de Bécaud claro e poema de Louis Amade um dos seus poetas preferidos. Oiçam aqui uma interpretação com Bécaud ainda novo, o sr. 100.000 volts, que tratava o público por "Tu", sempre com uma gravata às bolas (fétiche da primeira audição em que reza a história tinha uma gravata expresso feita de um pedaço de vestido da sua mãe) ...
L'IMPORTANT C'EST LA ROSE
Poema: Louis Amade
Música: Gilbert Bécaud
Toi qui marches dans le vent
Seul dans la trop grande ville
Avec le cafard tranquille du passant
Toi qu'elle a laissé tomber
Pour courir vers d'autres lunes
Pour courir d'autres fortunes,
L'important...
Tu que andas contra o vento
Só na cidade demasiado grande
Com a angustia tranquila do caminhante
Tu que ela deixou
para correr atrás de outras luas
para correr atrás de outras fortunas
O importante ...
[Refrain]
L'important c'est la rose
L'important c'est la rose
L'important c'est la rose
Crois-moi
[Refrão]
O importante é a rosa
O importante é a rosa
O importante é a rosa
Acredita
Toi qui cherches quelque argent
Pour te boucler la semaine
Dans la ville tu promènes ton ballant
Cascadeur, soleil couchant
Tu passes devant les banques
Si tu n'es que saltimbanque,
L'important...
Tu que procuras dinheiro
para aguentar a semana
Tu que na cidade passeias dansando
cascadeur, no pôr do sol
Tu passas à frente dos bancos
mas és apenas um saltimbanco,
O importante ...
[Refrão]
Toi, petit, que tes parents
Ont laissé seul sur la terre
Petit oiseau sans lumière, sans printemps
Dans ta veste de drap blanc
Il fait froid comme en Bohême
T'as le coeur comme en carême,
Et pourtant...
Tu criança, que os teus pais
deixaram só na terra
pequeno passarinho sem luz, sem primavera
Na tua vestimenta de pano branco
Faz frio como na boémia
tens o coração como na quaresma
e no entanto ...
[Refrão]
Toi pour qui, donnant-donnant,
J'ai chanté ces quelques lignes
Comme pour te faire un signe en passant
Dis à ton tour maintenant
Que la vie n'a d'importance
Que par une fleur qui danse
Sur le temps...
Tu para quem, só para te dar algo,
Cantei estas simples linhas
Como para te fazer um sinal
Diz agora tu
que a vida só tem importância
para uma flor que dança
sobre o tempo ...
[Refrão]
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Charles Aznavour - Emmenez moi
Depois destes dias de sol, foi fatal algumas conversas de almoço terem ido parar ao efeito do sol no nosso estado de alma. Para mim foi igualmente inevitável pensar numa canção de Aznavour que acompanhou a minha adolescência. Era juntamente com as valsas de Strauss um dos poucos discos de 45 rpm que tinha e que ouvi até gastar o vinil ...
E justamente fala do sol e de como a miséria parece menos preocupante quando é banhada pelo sol. Bem sei que é uma teoria "perigosamente" conformista mas penso que se deve ver do lado metafórico. E nessa perspectiva toda esta canção adquire uma nova dimensão !
Podem ouvir aqui Aznavour em 1972 interpretando esta canção.
Emmenez-moi (Levem-me !)
Vers les docks où le poids et l'ennui
Me courbent le dos
Ils arrivent le ventre alourdi
De fruits les bateaux
Nas docas onde o peso e o aborrecimento
me curvam as costas
Chegam os barcos, com os ventres
carregados de frutas
Ils viennent du bout du monde
Apportant avec eux
Des idées vagabondes
Aux reflets de ciels bleus
De mirages
Chegam do fim do mundo
Trazendo com eles
Ideias vagabundas
De reflexos de ceus azuis
De miragens
Traînant un parfum poivré
De pays inconnus
Et d'éternels étés
Où l'on vit presque nus
Sur les plages
Arrastando um perfume apimentado
de países desconhecidos
e de verões eternos
onde se vive quase nu
nas praias
Moi qui n'ai connu toute ma vie
Que le ciel du nord
J'aimerais débarbouiller ce gris
En virant de bord
Eu que só conheci toda a vida
o céu do norte
Gostaria de desfazer este cinzento
virando de bordo
Emmenez-moi au bout de la terre
Emmenez-moi au pays des merveilles
Il me semble que la misère
Serait moins pénible au soleil
Levem-me ao fim da terra
Levem-me ao país das maravilhas
Parece-me que a miséria
Será muito mais suportável ao sol
Dans les bars à la tombée du jour
Avec les marins
Quand on parle de filles et d'amour
Un verre à la main
Nos bares onde ao anoitecer
com os marinheiros
falamos de mulheres e de amor
com um copo na mão
Je perds la notion des choses
Et soudain ma pensée
M'enlève et me dépose
Un merveilleux été
Sur la grève
Perco a noção das coisas
e de repente o meu pensamento
leva-me e traz-me
um verão maravilhoso
na praia
Où je vois tendant les bras
L'amour qui comme un fou
Court au devant de moi
Et je me pends au cou
De mon rêve
Onde vejo tentando agarrar-me
O amor que como um louco
corre à minha frente
e agarro-me ao pescoço
do meu sonho
Quand les bars ferment, que les marins
Rejoignent leur bord
Moi je rêve encore jusqu'au matin
Debout sur le port
Quando os bares fecham, quando os marinheiros
voltam para os seus barcos
eu sonho até de manhã
de pé no porto
Emmenez-moi au bout de la terre
Emmenez-moi au pays des merveilles
Il me semble que la misère
Serait moins pénible au soleil
Levem-me ao fim da terra
Levem-me ao país das maravilhas
Parece-me que a miséria
Será muito mais suportável ao sol
Un beau jour sur un rafiot craquant
De la coque au pont
Pour partir je travaillerais dans
La soute à charbon
Um belo dia num barco a caír aos pedaços
do casco à ponte
Para partir trabalharia na
caldeira de carvão
Prenant la route qui mène
A mes rêves d'enfant
Sur des îles lointaines
Où rien n'est important
Que de vivre
Tomando a estrada que nos leva
aos nossos sonhos de criança
em ilhas distantes
onde nada mais é importante
senão viver
Où les filles alanguies
Vous ravissent le cœur
En tressant m'a t'on dit
De ces colliers de fleurs
Qui enivrent
Onde raparigas languidas
alegram-nos o coração
bordando, disseram-me
colares de flores
que intoxicam os sentidos
Je fuirais laissant là mon passé
Sans aucun remords
Sans bagage et le cœur libéré
En chantant très fort
Fugirei deixando o meu passado
sem nenhum remorso
sem bagagem e o coração liberto
cantando muito alto
Emmenez-moi au bout de la terre
Emmenez-moi au pays des merveilles
Il me semble que la misère
Serait moins pénible au soleil...
Levem-me ao fim da terra
Levem-me ao país das maravilhas
Parece-me que a miséria
Será muito mais suportável ao sol
E justamente fala do sol e de como a miséria parece menos preocupante quando é banhada pelo sol. Bem sei que é uma teoria "perigosamente" conformista mas penso que se deve ver do lado metafórico. E nessa perspectiva toda esta canção adquire uma nova dimensão !
Podem ouvir aqui Aznavour em 1972 interpretando esta canção.
Emmenez-moi (Levem-me !)
Vers les docks où le poids et l'ennui
Me courbent le dos
Ils arrivent le ventre alourdi
De fruits les bateaux
Nas docas onde o peso e o aborrecimento
me curvam as costas
Chegam os barcos, com os ventres
carregados de frutas
Ils viennent du bout du monde
Apportant avec eux
Des idées vagabondes
Aux reflets de ciels bleus
De mirages
Chegam do fim do mundo
Trazendo com eles
Ideias vagabundas
De reflexos de ceus azuis
De miragens
Traînant un parfum poivré
De pays inconnus
Et d'éternels étés
Où l'on vit presque nus
Sur les plages
Arrastando um perfume apimentado
de países desconhecidos
e de verões eternos
onde se vive quase nu
nas praias
Moi qui n'ai connu toute ma vie
Que le ciel du nord
J'aimerais débarbouiller ce gris
En virant de bord
Eu que só conheci toda a vida
o céu do norte
Gostaria de desfazer este cinzento
virando de bordo
Emmenez-moi au bout de la terre
Emmenez-moi au pays des merveilles
Il me semble que la misère
Serait moins pénible au soleil
Levem-me ao fim da terra
Levem-me ao país das maravilhas
Parece-me que a miséria
Será muito mais suportável ao sol
Dans les bars à la tombée du jour
Avec les marins
Quand on parle de filles et d'amour
Un verre à la main
Nos bares onde ao anoitecer
com os marinheiros
falamos de mulheres e de amor
com um copo na mão
Je perds la notion des choses
Et soudain ma pensée
M'enlève et me dépose
Un merveilleux été
Sur la grève
Perco a noção das coisas
e de repente o meu pensamento
leva-me e traz-me
um verão maravilhoso
na praia
Où je vois tendant les bras
L'amour qui comme un fou
Court au devant de moi
Et je me pends au cou
De mon rêve
Onde vejo tentando agarrar-me
O amor que como um louco
corre à minha frente
e agarro-me ao pescoço
do meu sonho
Quand les bars ferment, que les marins
Rejoignent leur bord
Moi je rêve encore jusqu'au matin
Debout sur le port
Quando os bares fecham, quando os marinheiros
voltam para os seus barcos
eu sonho até de manhã
de pé no porto
Emmenez-moi au bout de la terre
Emmenez-moi au pays des merveilles
Il me semble que la misère
Serait moins pénible au soleil
Levem-me ao fim da terra
Levem-me ao país das maravilhas
Parece-me que a miséria
Será muito mais suportável ao sol
Un beau jour sur un rafiot craquant
De la coque au pont
Pour partir je travaillerais dans
La soute à charbon
Um belo dia num barco a caír aos pedaços
do casco à ponte
Para partir trabalharia na
caldeira de carvão
Prenant la route qui mène
A mes rêves d'enfant
Sur des îles lointaines
Où rien n'est important
Que de vivre
Tomando a estrada que nos leva
aos nossos sonhos de criança
em ilhas distantes
onde nada mais é importante
senão viver
Où les filles alanguies
Vous ravissent le cœur
En tressant m'a t'on dit
De ces colliers de fleurs
Qui enivrent
Onde raparigas languidas
alegram-nos o coração
bordando, disseram-me
colares de flores
que intoxicam os sentidos
Je fuirais laissant là mon passé
Sans aucun remords
Sans bagage et le cœur libéré
En chantant très fort
Fugirei deixando o meu passado
sem nenhum remorso
sem bagagem e o coração liberto
cantando muito alto
Emmenez-moi au bout de la terre
Emmenez-moi au pays des merveilles
Il me semble que la misère
Serait moins pénible au soleil...
Levem-me ao fim da terra
Levem-me ao país das maravilhas
Parece-me que a miséria
Será muito mais suportável ao sol
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Charles Trenet - La Mer
Charles Trenet nasceu em Narbonne em 1913 tendo falecido em Créteil em 2001. É um cantor e autor que foi por vezes considerado menor, ou popularucho se preferirem devido ao facto das suas canções serem normalmente sobre temas aparentemente pouco profundos e muitas vezes baseados em jogos de palavras "pobres de espírito".
Trenet foi no entanto muito mais do que um "Doido Cantante" como poderia indicar a sua alcunha "Fou Chantant", alcunha que aliás apreciava muito por achar que traduzia a irreverência, a alegria de viver que possuía e transmitia de forma sempre energética.
É aliás esta confusão entre o que era uma forma de encarar a vida, despreocupada e leve, e o seu talento que nos poderia levar a pensar que estamos perante um simples caso de moda que o tempo faria desaparecer. É uma opinião que não partilho. Trenet foi senhor de uma voz invejável e um grande poeta. Leiam por exemplo este poema:
Le Mort
Vous emporterez ma quiétude
Au fond de la légende bleue,
Compagnon de la solitude.
Chevalier d'opéra qui narguez les orages,
Aux rumeurs des grands ports, aux aubes malhabiles
Vous apprendrez le mot de passe.
Et les gens pourront s'étonner
Comme sur une autre planète
De voir des visages de cire
A leur amour que vous rendrez indifférent.
O morto
Levarão a minha quietude
Ao fundo da lenda azul,
companheiros da solidão.
Cavaleiro da ópera que fazem pouco das trovoadas,
Nos rumores dos grandes portos, nas madrugadas pouco hábeis
Aprendem o código de passagem.
E as pessoas poderão espantar-se
Como se estivessem noutro planeta
de ver as suas caras de cera
Do seu amor que tornarás indiferente.
Trenet foi também actor para além de cantor e escritor arte na qual espalhou também a mesma alegria de viver.
Depois da segunda guerra foi muitas vezes acusado de ter "colaborado" com os nazis por ter durante participado em alguns espectáculos para os prisioneiros franceses e também em grande parte por ter continuado a actuar nos cabarets parisienses então frequentados essencialmente por oficiais e soldados alemães. Que me desculpem estes últimos posts estarem tão marcados por esta parte da história de França e da Europa porém é difícil falar destes grandes poetas sem falar de uma realidade que os marcou tão fortemente. E de qualquer forma é uma realidade que não podemos esquecer.
Fiquem então com "La Mer" de 1946 a pedido de uma nossa leitora Gasolina a que junto o convite para visitarem o seu blog aqui .
La mer
Qu'on voit danser le long des golfes clairs
A des reflets d'argent
La mer
Des reflets changeants
Sous la pluie
O Mar
que vemos dançar nas baías claras
Tem reflexos de prata
O Mar
tem reflexos que mudam
à chuva
La mer
Au ciel d'été confond
Ses blancs moutons
Avec les anges si purs
La mer
Bergère d'azur
Infinie
O Mar
No céu de verão confunde
com os seus carneiros brancos
com os anjos tão puros
o Mar
Pastora de Azul
Infinita
Voyez
Près des étangs
Ces grands roseaux mouillés
Voyez
Ces oiseaux blancs
Et ces maisons rouillées
Vejam
perto dos lagos
esses roseirais molhados
Vejam
esses passaros brancos
E essas casas enferrujadas
La mer
Les a bercés
Le long des golfes clairs
Et d'une chanson d'amour
La mer
A bercé mon cœur pour la vie
O Mar
embalou-as
Nas baías claras
e numa canção de amor
o Mar
embalou o meu coração para a vida
Trenet foi no entanto muito mais do que um "Doido Cantante" como poderia indicar a sua alcunha "Fou Chantant", alcunha que aliás apreciava muito por achar que traduzia a irreverência, a alegria de viver que possuía e transmitia de forma sempre energética.
É aliás esta confusão entre o que era uma forma de encarar a vida, despreocupada e leve, e o seu talento que nos poderia levar a pensar que estamos perante um simples caso de moda que o tempo faria desaparecer. É uma opinião que não partilho. Trenet foi senhor de uma voz invejável e um grande poeta. Leiam por exemplo este poema:
Le Mort
Vous emporterez ma quiétude
Au fond de la légende bleue,
Compagnon de la solitude.
Chevalier d'opéra qui narguez les orages,
Aux rumeurs des grands ports, aux aubes malhabiles
Vous apprendrez le mot de passe.
Et les gens pourront s'étonner
Comme sur une autre planète
De voir des visages de cire
A leur amour que vous rendrez indifférent.
O morto
Levarão a minha quietude
Ao fundo da lenda azul,
companheiros da solidão.
Cavaleiro da ópera que fazem pouco das trovoadas,
Nos rumores dos grandes portos, nas madrugadas pouco hábeis
Aprendem o código de passagem.
E as pessoas poderão espantar-se
Como se estivessem noutro planeta
de ver as suas caras de cera
Do seu amor que tornarás indiferente.
Trenet foi também actor para além de cantor e escritor arte na qual espalhou também a mesma alegria de viver.
Depois da segunda guerra foi muitas vezes acusado de ter "colaborado" com os nazis por ter durante participado em alguns espectáculos para os prisioneiros franceses e também em grande parte por ter continuado a actuar nos cabarets parisienses então frequentados essencialmente por oficiais e soldados alemães. Que me desculpem estes últimos posts estarem tão marcados por esta parte da história de França e da Europa porém é difícil falar destes grandes poetas sem falar de uma realidade que os marcou tão fortemente. E de qualquer forma é uma realidade que não podemos esquecer.
Fiquem então com "La Mer" de 1946 a pedido de uma nossa leitora Gasolina a que junto o convite para visitarem o seu blog aqui .
La mer
Qu'on voit danser le long des golfes clairs
A des reflets d'argent
La mer
Des reflets changeants
Sous la pluie
O Mar
que vemos dançar nas baías claras
Tem reflexos de prata
O Mar
tem reflexos que mudam
à chuva
La mer
Au ciel d'été confond
Ses blancs moutons
Avec les anges si purs
La mer
Bergère d'azur
Infinie
O Mar
No céu de verão confunde
com os seus carneiros brancos
com os anjos tão puros
o Mar
Pastora de Azul
Infinita
Voyez
Près des étangs
Ces grands roseaux mouillés
Voyez
Ces oiseaux blancs
Et ces maisons rouillées
Vejam
perto dos lagos
esses roseirais molhados
Vejam
esses passaros brancos
E essas casas enferrujadas
La mer
Les a bercés
Le long des golfes clairs
Et d'une chanson d'amour
La mer
A bercé mon cœur pour la vie
O Mar
embalou-as
Nas baías claras
e numa canção de amor
o Mar
embalou o meu coração para a vida
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Thierry le Luron (1952-1986)
Pouco conhecido em Portugal Thierry le Luron foi um brilhante imitador e cómico francês. As suas paródias de vários personagens de Georges Marchais a Mitterand ficaram na história. Thierry infelizmente morreu muito novo, com apenas 34 anos vitima de cancro.
Deixou algumas pérolas que vos deixo hoje porque o que é importante também pode ser dito a rir e sobretudo porque o génio e a arte não dependem do quadrante político ... Isto como comentário a alguns comentários sobre o video que vos recomendo que vejam aqui em que le Luron faz uma paródia precisamente a Ferrat com uma letra extraordinária, incisiva e sarcástica.
Entre outras grandes interpretações de Thierry conta-se este L´important c´est la rose que a bem dizer se pode transportar para o nosso país nos nossos dias ... Será um transporte para o passado ou um salto no futuro ?
Deixou algumas pérolas que vos deixo hoje porque o que é importante também pode ser dito a rir e sobretudo porque o génio e a arte não dependem do quadrante político ... Isto como comentário a alguns comentários sobre o video que vos recomendo que vejam aqui em que le Luron faz uma paródia precisamente a Ferrat com uma letra extraordinária, incisiva e sarcástica.
Entre outras grandes interpretações de Thierry conta-se este L´important c´est la rose que a bem dizer se pode transportar para o nosso país nos nossos dias ... Será um transporte para o passado ou um salto no futuro ?
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Jean Ferrat - Nuit et Brouillard
Esta canção veio-me à memória quando estava a escrever uma resposta ao comentário no meu post anterior da nossa leitora Blondewithaphd, que tinha inteira razão ao referir que a canção "O canto dos resistentes" evoca mais a clivagem França/Alemanha do que o anti-nazismo, que está apenas indirectamente subjacente na letra.
Existem alguns hinos verdadeiramente anti-nazis, anti-holocausto, pelo que sei todas posteriores ao horror. Esta é uma das canções que verdadeiramente não nos deixa esquecer o massacre, que não pode ser como alguns estupidamente pretendem ser classificados como "petite histoire". É propositadamente que não cito o nome desse sr., nem lhe coloco maíuscula no "s" que ele não merece mais do que o anonimato.
Esta canção de Ferrat data de 1963 e com ela ganhou o "Grand Prix du Disque". Jean Ferrat é um cantor que infelizmente está um pouco afastado do circuito comercial, em grande parte porque não se conforma as regras da música de plástico. Foi responsável como veremos pela popularização da grande poesia francesa (juntamente com Ferré) ao musicar e interpretar poemas de Aragon por exemplo.
Pode ouvir esta canção aqui.
Ils étaient vingt et cent, ils étaient des milliers
Nus et maigres, tremblants, dans ces wagons plombés
Qui déchiraient la nuit de leurs ongles battants
Ils étaient des milliers, ils étaient vingt et cent
Eles eram vinte e cem, eles eram milhares
Nus e magros, tremendo, naqueles vagões de chumbo
Que rasgavam a noite com as suas unhas batendo
Eles eram milhares, eles eram vinte e cem.
Ils se croyaient des hommes, n'étaient plus que des nombres
Depuis longtemps leurs dés avaient été jetés
Dès que la main retombe il ne reste qu'une ombre
Ils ne devaient jamais plus revoir un été
Achavam-se homens, mas já eram apenas sombras
Há muito os seus dados tinham sido lançados
Assim que a mão cai, apenas resta uma sombra
Eles não iriam nunca mais ver novo Verão.
La fuite monotone et sans hâte du temps
Survivre encore un jour, une heure, obstinément
Combien de tours de roues, d'arrêts et de départs
Qui n'en finissent pas de distiller l'espoir
A fuga monótona e sem pressa do tempo
Sobreviver apenas mais um dia, uma hora, obstinadamente
Quantas voltas as rodas dariam, quantas paragens, quantas partidas
Que não acabariam de destilar a esperança
Ils s'appelaient Jean-Pierre, Natacha ou Samuel
Certains priaient Jésus, Jéhovah ou Vichnou
D'autres ne priaient pas, mais qu'importe le ciel
Ils voulaient simplement ne plus vivre à genoux
Chamavam-se João-Pedro, Natacha ou Samuel
Alguns rezavam a Jesus, Jeová ou Vishnou
Outros não rezavam mas que importa o céu
Se queriam apenas não viver de joelhos
Ils n'arrivaient pas tous à la fin du voyage
Ceux qui sont revenus peuvent-ils être heureux
Ils essaient d'oublier, étonnés qu'à leur âge
Les veines de leurs bras soient devenues si bleues
Não chegavam todos ao fim da viagem
Os que voltaram podem eles ser felizes
Eles que tentam esquecer, espantados que na sua idade
As veias dos seus braços se tenham tornado tão azuis
Les Allemands guettaient du haut des miradors
La lune se taisait comme vous vous taisiez
En regardant au loin, en regardant dehors
Votre chair était tendre à leurs chiens policiers
Os Alemães vigiavam no alto das torres
A lua calava-se como voçês se calavam
Olhando ao longe, olhando para fora
A vossa carne era tenra para os seus cães policia.
On me dit à présent que ces mots n'ont plus cours
Qu'il vaut mieux ne chanter que des chansons d'amour
Que le sang sèche vite en entrant dans l'histoire
Et qu'il ne sert à rien de prendre une guitare
Dizem-me agora que estas palavras já não se dizem
Que é melhor cantar apenas canções de amor
Que o sangue seca depressa quando entra na história
E que não serve de nada pegar numa guitarra
Mais qui donc est de taille à pouvoir m'arrêter ?
L'ombre s'est faite humaine, aujourd'hui c'est l'été
Je twisterais les mots s'il fallait les twister
Pour qu'un jour les enfants sachent qui vous étiez
Mas quem é que pode fazer-me parar ?
A sombra fez-se humana hoje é Verão
Twistaria as palavras se fosse necessário
Para que um dia as crianças saibam quem voçês eram.
Vous étiez vingt et cent, vous étiez des milliers
Nus et maigres, tremblants, dans ces wagons plombés
Qui déchiriez la nuit de vos ongles battants
Vous étiez des milliers, vous étiez vingt et cent
Eles eram vinte e cem, eles eram milhares
Nus e magros, tremendo, naqueles vagões de chumbo
Que rasgavam a noite com as suas unhas batendo
Eles eram milhares, eles eram vinte e cem.
Existem alguns hinos verdadeiramente anti-nazis, anti-holocausto, pelo que sei todas posteriores ao horror. Esta é uma das canções que verdadeiramente não nos deixa esquecer o massacre, que não pode ser como alguns estupidamente pretendem ser classificados como "petite histoire". É propositadamente que não cito o nome desse sr., nem lhe coloco maíuscula no "s" que ele não merece mais do que o anonimato.
Esta canção de Ferrat data de 1963 e com ela ganhou o "Grand Prix du Disque". Jean Ferrat é um cantor que infelizmente está um pouco afastado do circuito comercial, em grande parte porque não se conforma as regras da música de plástico. Foi responsável como veremos pela popularização da grande poesia francesa (juntamente com Ferré) ao musicar e interpretar poemas de Aragon por exemplo.
Pode ouvir esta canção aqui.
Ils étaient vingt et cent, ils étaient des milliers
Nus et maigres, tremblants, dans ces wagons plombés
Qui déchiraient la nuit de leurs ongles battants
Ils étaient des milliers, ils étaient vingt et cent
Eles eram vinte e cem, eles eram milhares
Nus e magros, tremendo, naqueles vagões de chumbo
Que rasgavam a noite com as suas unhas batendo
Eles eram milhares, eles eram vinte e cem.
Ils se croyaient des hommes, n'étaient plus que des nombres
Depuis longtemps leurs dés avaient été jetés
Dès que la main retombe il ne reste qu'une ombre
Ils ne devaient jamais plus revoir un été
Achavam-se homens, mas já eram apenas sombras
Há muito os seus dados tinham sido lançados
Assim que a mão cai, apenas resta uma sombra
Eles não iriam nunca mais ver novo Verão.
La fuite monotone et sans hâte du temps
Survivre encore un jour, une heure, obstinément
Combien de tours de roues, d'arrêts et de départs
Qui n'en finissent pas de distiller l'espoir
A fuga monótona e sem pressa do tempo
Sobreviver apenas mais um dia, uma hora, obstinadamente
Quantas voltas as rodas dariam, quantas paragens, quantas partidas
Que não acabariam de destilar a esperança
Ils s'appelaient Jean-Pierre, Natacha ou Samuel
Certains priaient Jésus, Jéhovah ou Vichnou
D'autres ne priaient pas, mais qu'importe le ciel
Ils voulaient simplement ne plus vivre à genoux
Chamavam-se João-Pedro, Natacha ou Samuel
Alguns rezavam a Jesus, Jeová ou Vishnou
Outros não rezavam mas que importa o céu
Se queriam apenas não viver de joelhos
Ils n'arrivaient pas tous à la fin du voyage
Ceux qui sont revenus peuvent-ils être heureux
Ils essaient d'oublier, étonnés qu'à leur âge
Les veines de leurs bras soient devenues si bleues
Não chegavam todos ao fim da viagem
Os que voltaram podem eles ser felizes
Eles que tentam esquecer, espantados que na sua idade
As veias dos seus braços se tenham tornado tão azuis
Les Allemands guettaient du haut des miradors
La lune se taisait comme vous vous taisiez
En regardant au loin, en regardant dehors
Votre chair était tendre à leurs chiens policiers
Os Alemães vigiavam no alto das torres
A lua calava-se como voçês se calavam
Olhando ao longe, olhando para fora
A vossa carne era tenra para os seus cães policia.
On me dit à présent que ces mots n'ont plus cours
Qu'il vaut mieux ne chanter que des chansons d'amour
Que le sang sèche vite en entrant dans l'histoire
Et qu'il ne sert à rien de prendre une guitare
Dizem-me agora que estas palavras já não se dizem
Que é melhor cantar apenas canções de amor
Que o sangue seca depressa quando entra na história
E que não serve de nada pegar numa guitarra
Mais qui donc est de taille à pouvoir m'arrêter ?
L'ombre s'est faite humaine, aujourd'hui c'est l'été
Je twisterais les mots s'il fallait les twister
Pour qu'un jour les enfants sachent qui vous étiez
Mas quem é que pode fazer-me parar ?
A sombra fez-se humana hoje é Verão
Twistaria as palavras se fosse necessário
Para que um dia as crianças saibam quem voçês eram.
Vous étiez vingt et cent, vous étiez des milliers
Nus et maigres, tremblants, dans ces wagons plombés
Qui déchiriez la nuit de vos ongles battants
Vous étiez des milliers, vous étiez vingt et cent
Eles eram vinte e cem, eles eram milhares
Nus e magros, tremendo, naqueles vagões de chumbo
Que rasgavam a noite com as suas unhas batendo
Eles eram milhares, eles eram vinte e cem.
sábado, 31 de janeiro de 2009
Yves Montand - Le Chant des Partisans
Há algumas canções que nos ficam na memória pelo poder da música. Outras pelo poder da letra. Outras pela conjugação das duas. Outras ainda pela força interior que libertam. Esta canção por Yves Montand, que esteve longe de ser o seu primeiro interprete, aliás a sua interpretação é bastante posterior à utilização e intenção original da canção, canto de resistência ao ocupante Nazi.
Não obstante e talvez precisamente por isso a versão de Montand faz com que esta canção ganhe uma relevância que transcende esse período na história passando a ser uma canção de resistência a todo o tipo de invasão, a todo o tipo de imposição. As palavras se tomadas no sentido literal são obviamente violentas. Não as subscrevo nesse sentido (embora no contexto em que foram utilizadas fossem perfeitamente legítimas), entendo estas palavras no sentido metafórico, porque a resistência não implica forçosamente as armas: Significa isso sim coragem.
Oiçam aqui a canção. A letra é de Joseph Kessel e Maurice Druon . Joseph Kessel viria a fazer parte da Academia Francesa de Letras, estudei pelo menos um livro dele "Le Lion" um livro que recomendo. A música é de Anne Marly de origem russa (nasceu em S. Petersburgo e chamava-se Anna Betoulinski). Esta canção foi aliás originalmente escrita em Russo e depois traduzida e adaptada para Francês pelos dois autores já citados.
Le Chant des Partisans (A canção dos Resistentes)
Ami, entends-tu
Le vol noir des corbeaux
Sur nos plaines?
Ami, entends-tu
Les cris sourds du pays
Qu'on enchaîne?
Ohé! partisans,
Ouvriers et paysans,
C'est l'alarme!
Ce soir l'ennemi
Connaîtra le prix du sang
Et des larmes!
Amigo, ouves
o voo negro dos corvos
nas nossas planícies?
Amigo, ouves
os gritos surdos do país
que acorrentam?
Oh resistente,
Operários e Camponeses,
É o alarme!
Esta noite o inimigo
Conhecerá o preço do sangue
e das lágrimas!
Montez de la mine,
Descendez des collines,
Camarades!
Sortez de la paille
Les fusils, la mitraille,
Les grenades...
Ohé! les tueurs,
A la balle et au couteau,
Tuez vite!
Ohé! saboteur,
Attention à ton fardeau:
Dynamite!
Subam das minas
Desçam das colinas
Camaradas!
Tirem dos fardos de palha
As espingardas, as munições,
as granadas
Matadores,
com balas e com facas,
matai depressa!
Sabotador!
Cuidado com o teu fardo
Dinamite!
C'est nous qui brisons
Les barreaux des prisons
Pour nos frères,
La haine à nos trousses
Et la faim qui nous pousse,
La misère...
Il y a des pays
Ou les gens au creux de lits
Font des rêves;
Ici, nous, vois-tu,
Nous on marche et nous on tue,
Nous on crève.
Somos nós que quebramos
as barras das prisões
para os nossos irmãos,
o ódio que nos persegue
a fome que nos empurra
A miséria ...
Há países onde na cama
as pessoas sonham;
Aqui, nós, vê-la tu,
Nós marchamos e matamos
nós morremos.
Ici chacun sait
Ce qu'il veut, ce qui'il fait
Quand il passe...
Ami, si tu tombes
Un ami sort de l'ombre
A ta place.
Demain du sang noir
Séchera au grand soleil
Sur les routes.
Sifflez, compagnons,
Dans la nuit la Liberté
Nous écoute...
Aqui cada um sabe
o que quer, o que faz
quando passa ...
Amigo se tu caíres
Outro amigo sai da sombra
No teu lugar.
Amanhã o sangue negro
secará ao sol
nas estradas
assobiai, companheiros,
Na noite a liberdade,
ouve-nos ...
Não obstante e talvez precisamente por isso a versão de Montand faz com que esta canção ganhe uma relevância que transcende esse período na história passando a ser uma canção de resistência a todo o tipo de invasão, a todo o tipo de imposição. As palavras se tomadas no sentido literal são obviamente violentas. Não as subscrevo nesse sentido (embora no contexto em que foram utilizadas fossem perfeitamente legítimas), entendo estas palavras no sentido metafórico, porque a resistência não implica forçosamente as armas: Significa isso sim coragem.
Oiçam aqui a canção. A letra é de Joseph Kessel e Maurice Druon . Joseph Kessel viria a fazer parte da Academia Francesa de Letras, estudei pelo menos um livro dele "Le Lion" um livro que recomendo. A música é de Anne Marly de origem russa (nasceu em S. Petersburgo e chamava-se Anna Betoulinski). Esta canção foi aliás originalmente escrita em Russo e depois traduzida e adaptada para Francês pelos dois autores já citados.
Le Chant des Partisans (A canção dos Resistentes)
Ami, entends-tu
Le vol noir des corbeaux
Sur nos plaines?
Ami, entends-tu
Les cris sourds du pays
Qu'on enchaîne?
Ohé! partisans,
Ouvriers et paysans,
C'est l'alarme!
Ce soir l'ennemi
Connaîtra le prix du sang
Et des larmes!
Amigo, ouves
o voo negro dos corvos
nas nossas planícies?
Amigo, ouves
os gritos surdos do país
que acorrentam?
Oh resistente,
Operários e Camponeses,
É o alarme!
Esta noite o inimigo
Conhecerá o preço do sangue
e das lágrimas!
Montez de la mine,
Descendez des collines,
Camarades!
Sortez de la paille
Les fusils, la mitraille,
Les grenades...
Ohé! les tueurs,
A la balle et au couteau,
Tuez vite!
Ohé! saboteur,
Attention à ton fardeau:
Dynamite!
Subam das minas
Desçam das colinas
Camaradas!
Tirem dos fardos de palha
As espingardas, as munições,
as granadas
Matadores,
com balas e com facas,
matai depressa!
Sabotador!
Cuidado com o teu fardo
Dinamite!
C'est nous qui brisons
Les barreaux des prisons
Pour nos frères,
La haine à nos trousses
Et la faim qui nous pousse,
La misère...
Il y a des pays
Ou les gens au creux de lits
Font des rêves;
Ici, nous, vois-tu,
Nous on marche et nous on tue,
Nous on crève.
Somos nós que quebramos
as barras das prisões
para os nossos irmãos,
o ódio que nos persegue
a fome que nos empurra
A miséria ...
Há países onde na cama
as pessoas sonham;
Aqui, nós, vê-la tu,
Nós marchamos e matamos
nós morremos.
Ici chacun sait
Ce qu'il veut, ce qui'il fait
Quand il passe...
Ami, si tu tombes
Un ami sort de l'ombre
A ta place.
Demain du sang noir
Séchera au grand soleil
Sur les routes.
Sifflez, compagnons,
Dans la nuit la Liberté
Nous écoute...
Aqui cada um sabe
o que quer, o que faz
quando passa ...
Amigo se tu caíres
Outro amigo sai da sombra
No teu lugar.
Amanhã o sangue negro
secará ao sol
nas estradas
assobiai, companheiros,
Na noite a liberdade,
ouve-nos ...
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Le Chant des Partisans,
Yves Montand
domingo, 25 de janeiro de 2009
Boris Vian - Le Deserteur
Numa altura em que nos dizem que a violência combate-se com ainda mais violência, numa altura em que depois de caído um muro se erguem outros dois, esta canção parece demasiado simples. Porém é só aparência. Porque não é obviamente fácil ou simples não reagir ao mal que nos fazem pagando na mesma moeda. Simples, isso sim, é pegar em armas e resolver pela força.
Não significa isto que por vezes não seja absolutamente necessário optarmos por essa via (a história mostra-nos infelizmente que há casos em que é assim), significa antes que sempre que nos digam que os fins que pretendemos atingir justificam os meios que utilizamos, sobretudo quando se sublinha "é a ÚNICA maneira" devemos sempre desconfiar. Os meios têm de ser sempre justos por si próprios, nunca função do fim a que nos propomos.
Esta canção escrita em 1954 é uma canção contra a Guerra da Argélia. Boris Vian (1920-1959) é um autor de canções e de poesia relativamente pouco conhecido. A Espuma dos Dias um romance simultaneamente de ficção cientifica e prosa poética é possivelmente a sua obra mais conhecida. Esta canção de todas as que escreveu é possivelmente a mais interpretada tendo inclusivamente conhecido uma versão portuguesa cantada por José Mário Branco.
A tradução que vos proponho da canção é mais próxima que a do referido cantor e poeta português dado que a letra portuguesa fazia referência explicita à guerra colonial. Pessoalmente prefiro (até porque esta canção na altura tinha uma intenção semelhante) manter uma versão neutra. No mesmo tipo de tema (canções anti-bélicas) podem também ouvir "Mourir pour des idées oui, mais de mort lente".
Oiçam esta canção de Boris Vian aqui.
Monsieur le Président
Je vous fais une lettre
Que vous lirez peut-être
Si vous avez le temps
Je viens de recevoir
Mes papiers militaires
Pour partir à la guerre
Avant mercredi soir
Monsieur le Président
Je ne veux pas la faire
Je ne suis pas sur terre
Pour tuer des pauvres gens
C'est pas pour vous fâcher
Il faut que je vous dise
Ma décision est prise
Je m'en vais déserter
Sr. Presidente
Estou a escrever-lhe uma carta
Que talvez lirá
se tiver tempo
Acabei de receber
os papeis do exercito
para partir para a guerra
até quarta-feira à noite
Sr. Presidente
Não quero fazer a guerra
Não estou na terra
para matar as pobres pessoas
Não o quero zangar
mas preciso de lhe dizer
que a minha decisão está tomada
vou desertar
Depuis que je suis né
J'ai vu mourir mon père
J'ai vu partir mes frères
Et pleurer mes enfants
Ma mère a tant souffert
Elle est dedans sa tombe
Et se moque des bombes
Et se moque des vers
Quand j'étais prisonnier
On m'a volé ma femme
On m'a volé mon âme
Et tout mon cher passé
Demain de bon matin
Je fermerai ma porte
Au nez des années mortes
J'irai sur les chemins
Desde que nasci
já vi o meu pai morrer
já vi os meus irmãos partir
e os meus filhos chorar
a minha mãe sofreu tanto
e seu túmulo
goza das bombas
goza dos versos
quando fui prisioneiro
roubaram a minha mulher
roubaram a minha alma
e todo o meu passado
Amanhã de madrugada
fecharei a porta
no nariz dos anos perdidos
e partirei pelos caminhos
Je mendierai ma vie
Sur les routes de France
De Bretagne en Provence
Et je dirai aux gens:
Refusez d'obéir
Refusez de la faire
N'allez pas à la guerre
Refusez de partir
S'il faut donner son sang
Allez donner le vôtre
Vous êtes bon apôtre
Monsieur le Président
Si vous me poursuivez
Prévenez vos gendarmes
Que je n'aurai pas d'armes
Et qu'ils pourront tirer
Irei mendigar a minha vida
nas estrada de França
Da Bretanha à Provence
e direi às pessoas:
"recusai obedecer
recusai fazê-la
não ides à guerra
recusai partir
Se for preciso dar sangue
então dê o seu
sr. presidente
se me perseguir
avise os seus polícias
que não tenho arma
e que poderão facilmente atirar
Não significa isto que por vezes não seja absolutamente necessário optarmos por essa via (a história mostra-nos infelizmente que há casos em que é assim), significa antes que sempre que nos digam que os fins que pretendemos atingir justificam os meios que utilizamos, sobretudo quando se sublinha "é a ÚNICA maneira" devemos sempre desconfiar. Os meios têm de ser sempre justos por si próprios, nunca função do fim a que nos propomos.
Esta canção escrita em 1954 é uma canção contra a Guerra da Argélia. Boris Vian (1920-1959) é um autor de canções e de poesia relativamente pouco conhecido. A Espuma dos Dias um romance simultaneamente de ficção cientifica e prosa poética é possivelmente a sua obra mais conhecida. Esta canção de todas as que escreveu é possivelmente a mais interpretada tendo inclusivamente conhecido uma versão portuguesa cantada por José Mário Branco.
A tradução que vos proponho da canção é mais próxima que a do referido cantor e poeta português dado que a letra portuguesa fazia referência explicita à guerra colonial. Pessoalmente prefiro (até porque esta canção na altura tinha uma intenção semelhante) manter uma versão neutra. No mesmo tipo de tema (canções anti-bélicas) podem também ouvir "Mourir pour des idées oui, mais de mort lente".
Oiçam esta canção de Boris Vian aqui.
Monsieur le Président
Je vous fais une lettre
Que vous lirez peut-être
Si vous avez le temps
Je viens de recevoir
Mes papiers militaires
Pour partir à la guerre
Avant mercredi soir
Monsieur le Président
Je ne veux pas la faire
Je ne suis pas sur terre
Pour tuer des pauvres gens
C'est pas pour vous fâcher
Il faut que je vous dise
Ma décision est prise
Je m'en vais déserter
Sr. Presidente
Estou a escrever-lhe uma carta
Que talvez lirá
se tiver tempo
Acabei de receber
os papeis do exercito
para partir para a guerra
até quarta-feira à noite
Sr. Presidente
Não quero fazer a guerra
Não estou na terra
para matar as pobres pessoas
Não o quero zangar
mas preciso de lhe dizer
que a minha decisão está tomada
vou desertar
Depuis que je suis né
J'ai vu mourir mon père
J'ai vu partir mes frères
Et pleurer mes enfants
Ma mère a tant souffert
Elle est dedans sa tombe
Et se moque des bombes
Et se moque des vers
Quand j'étais prisonnier
On m'a volé ma femme
On m'a volé mon âme
Et tout mon cher passé
Demain de bon matin
Je fermerai ma porte
Au nez des années mortes
J'irai sur les chemins
Desde que nasci
já vi o meu pai morrer
já vi os meus irmãos partir
e os meus filhos chorar
a minha mãe sofreu tanto
e seu túmulo
goza das bombas
goza dos versos
quando fui prisioneiro
roubaram a minha mulher
roubaram a minha alma
e todo o meu passado
Amanhã de madrugada
fecharei a porta
no nariz dos anos perdidos
e partirei pelos caminhos
Je mendierai ma vie
Sur les routes de France
De Bretagne en Provence
Et je dirai aux gens:
Refusez d'obéir
Refusez de la faire
N'allez pas à la guerre
Refusez de partir
S'il faut donner son sang
Allez donner le vôtre
Vous êtes bon apôtre
Monsieur le Président
Si vous me poursuivez
Prévenez vos gendarmes
Que je n'aurai pas d'armes
Et qu'ils pourront tirer
Irei mendigar a minha vida
nas estrada de França
Da Bretanha à Provence
e direi às pessoas:
"recusai obedecer
recusai fazê-la
não ides à guerra
recusai partir
Se for preciso dar sangue
então dê o seu
sr. presidente
se me perseguir
avise os seus polícias
que não tenho arma
e que poderão facilmente atirar
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Faleceu João Aguardela (1969-2009)
Neste blog em que procuramos demonstrar que na música popular também há grandes poetas, grandes compositores, João Aguardela tem certamente um lugar. Faleceu logo a seguir ao post sobre Ferré. Ficou em boa companhia, ele teria - penso - gostado.
Dos Sitiados confesso que guardo apenas memória de uma versão de uma música do José Afonso, mas essa ouvi-a sem exagero centenas de vezes. É um dos CDs que volta e meia está a rodar no leitor de CD´s do meu carro ...
Que descanse em paz.
Leiam no Público aqui um obituário mais detalhado
Dos Sitiados confesso que guardo apenas memória de uma versão de uma música do José Afonso, mas essa ouvi-a sem exagero centenas de vezes. É um dos CDs que volta e meia está a rodar no leitor de CD´s do meu carro ...
Que descanse em paz.
Leiam no Público aqui um obituário mais detalhado
sábado, 17 de janeiro de 2009
Leo Ferré - Avec le Temps (1970)
A seguir a Brel, Brassens, Piaf só poderia ser Leo Ferré. Tenho neste caso como nos outros muita dificuldade em escolher uma canção, apenas uma canção, tenho mais de dez que me vêm imediatamente à memória. Dos quatro artistas de que falei aqui este foi o que consegui ver no Coliseu dos Recreios num concerto que não vou esquecer tão cedo !
Entre elas muitas dos grandes poetas que musicou: Baudelaire, Rimbaud, Appolinaire, Aragon, Verlaine entre outros sendo possivelmente responsável por um muito maior conhecimento
Porem para começar decidi que deveria ser uma canção com poema de Leo Ferré também. Mesmo assim ainda tenho o embaraço da escolha.
Esta canção, Avec le Temps é de 1970 fazendo parte de um dos discos mais relevantes de Léo Ferré o duplo album Amour Anarchie . Oiçam aqui esta canção interpretada pelo próprio (foi cantada por outros, inclusivamente a nossa Eugénia Melo e Castro numa das suas canções retoma uma parte desta canção) mas gosto de ouvir na versão "original".
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
On oublie le visage et l'on oublie la voix
Le coeur quand ça bat plus s'est pas la peine d'aller
Chercher plus loin faut laisser faire et c'est très bien
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
Esquecemos a cara e esquecemos a voz
Quando o coração já não bate já não vale a pena ir
Procurar mais longe é preciso deixar e é muito bom
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
L'autre qu'on adorait qu'on cherchait sous la pluie
L'autre qu'on devinait au détour d'un regard
Entre les mots entre les lignes et sous le fard
D'un serment maquillé qui s'en va faire sa nuit
Avec le temps tout s'évanouit
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
O outro que adorávamos que procurávamos à chuva
O outro que adivinhávamos na sombra de um olhar
Entre as palavras entre as linhas e no cansaço
De um sermão maquilhado que vai fazer a sua noite
Com o tempo tudo desvanece
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
Même les plus chouettes souvenirs ça t'as une de ces gueules
A la Galerie Farfouille dans les rayons de la mort
Le samedi soir quand la tendresse s'en va toute seule
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
Mesmo as melhores recordações tens uma destas caras
No centro comercial confusão no linear da morte
Sábado à noite quando a ternura se vai embora sozinha
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
L'autre à qui l'on croyait pour un rhume pour un rien
L'autre à qui l'on donnait du vent et des bijoux
Pour qui l'on eût vendu son âme pour quelques sous
Devant quoi l'on se traînait comme traînent les chiens
Avec le temps va tout va bien
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
O outro em que acreditávamos por uma constipação por um nada
O outro a quem dávamos o vento e jóias
Por quem teríamos vendido a alma para alguns tostões
À frente de quem rastejávamos como rastejam os cães
Com o tempo tudo se resolve
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
On oublie les passions et l'on oublie les voix
Qui vous disaient tout bas les mots des pauvres gens
Ne rentre pas trop tard surtout ne prends pas froid
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
Esquecemos as paixões e esquecemos as vozes
Que nos diziam muito baixo as palavras das pobres pessoas
Não voltes muito tarde sobretudo não apanhes frio
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
Et l'on se sent blanchi comme un cheval fourbu
Et l'on se sent glacé dans un lit de hasard
Et l'on se sent tout seul peut-être mais peinard
Et l'on se sent floué par les années perdues
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
E sentimo-nos brancos com um cavalo cansado
E sentimo-nos gelados numa cama de ocasião
E sentimo-nos sós talvez mas tranquilos
E sentimo-nos roubados dos anos perdidos
Alors vraiment
Avec le temps on n'aime plus...
Então verdadeiramente
Com o tempo já não amamos
Entre elas muitas dos grandes poetas que musicou: Baudelaire, Rimbaud, Appolinaire, Aragon, Verlaine entre outros sendo possivelmente responsável por um muito maior conhecimento
Porem para começar decidi que deveria ser uma canção com poema de Leo Ferré também. Mesmo assim ainda tenho o embaraço da escolha.
Esta canção, Avec le Temps é de 1970 fazendo parte de um dos discos mais relevantes de Léo Ferré o duplo album Amour Anarchie . Oiçam aqui esta canção interpretada pelo próprio (foi cantada por outros, inclusivamente a nossa Eugénia Melo e Castro numa das suas canções retoma uma parte desta canção) mas gosto de ouvir na versão "original".
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
On oublie le visage et l'on oublie la voix
Le coeur quand ça bat plus s'est pas la peine d'aller
Chercher plus loin faut laisser faire et c'est très bien
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
Esquecemos a cara e esquecemos a voz
Quando o coração já não bate já não vale a pena ir
Procurar mais longe é preciso deixar e é muito bom
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
L'autre qu'on adorait qu'on cherchait sous la pluie
L'autre qu'on devinait au détour d'un regard
Entre les mots entre les lignes et sous le fard
D'un serment maquillé qui s'en va faire sa nuit
Avec le temps tout s'évanouit
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
O outro que adorávamos que procurávamos à chuva
O outro que adivinhávamos na sombra de um olhar
Entre as palavras entre as linhas e no cansaço
De um sermão maquilhado que vai fazer a sua noite
Com o tempo tudo desvanece
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
Même les plus chouettes souvenirs ça t'as une de ces gueules
A la Galerie Farfouille dans les rayons de la mort
Le samedi soir quand la tendresse s'en va toute seule
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
Mesmo as melhores recordações tens uma destas caras
No centro comercial confusão no linear da morte
Sábado à noite quando a ternura se vai embora sozinha
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
L'autre à qui l'on croyait pour un rhume pour un rien
L'autre à qui l'on donnait du vent et des bijoux
Pour qui l'on eût vendu son âme pour quelques sous
Devant quoi l'on se traînait comme traînent les chiens
Avec le temps va tout va bien
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
O outro em que acreditávamos por uma constipação por um nada
O outro a quem dávamos o vento e jóias
Por quem teríamos vendido a alma para alguns tostões
À frente de quem rastejávamos como rastejam os cães
Com o tempo tudo se resolve
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
On oublie les passions et l'on oublie les voix
Qui vous disaient tout bas les mots des pauvres gens
Ne rentre pas trop tard surtout ne prends pas froid
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
Esquecemos as paixões e esquecemos as vozes
Que nos diziam muito baixo as palavras das pobres pessoas
Não voltes muito tarde sobretudo não apanhes frio
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
Et l'on se sent blanchi comme un cheval fourbu
Et l'on se sent glacé dans un lit de hasard
Et l'on se sent tout seul peut-être mais peinard
Et l'on se sent floué par les années perdues
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
E sentimo-nos brancos com um cavalo cansado
E sentimo-nos gelados numa cama de ocasião
E sentimo-nos sós talvez mas tranquilos
E sentimo-nos roubados dos anos perdidos
Alors vraiment
Avec le temps on n'aime plus...
Então verdadeiramente
Com o tempo já não amamos
sábado, 10 de janeiro de 2009
Edith Piaf - La Vie en Rose
Esta canção de Edith Piaf (o poema é dela) a música é de Louis Gugliemi (também conhecido por "Louiguy" embora se pense que Marguerite Monnot também tenha participado na composição. A canção data de 1946 e para surpresa de Edith Piaf e dos seus próximos tornou-se um êxito sendo hoje uma das canções mais conhecidas não só de Edith mas mesmo da canção francesa.
O número de versões existentes é disso testemunho indo desde Armstrong até Pavarotti passando por outros nomes como Diana Krall, Donna Summer, Marlene Dietrich, Aznavour ...
Oiçam aqui esta canção numa interpretação extraída do filme "9 Garçons 1 Coeur" de 1948.
Des yeux qui font baiser les miens,
Un rire qui se perd sur sa bouche,
Voila le portrait sans retouche
De l'homme auquel j'appartiens
Uns olhos que fazem baixar os meus
Um riso que se perde na sua boca
Eis o retrato sem correcções
Do homem a que pertenço
Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose.
Quando ele me toma nos seus braços
Fala-me baixinho
e vejo a vida cor-de-rosa
Il me dit des mots d'amour,
Des mots de tous les jours,
Et ca me fait quelque chose.
Diz-me palavras de amor
palavras de todos os dias
e isso faz-me alguma coisa
Il est entré dans mon coeur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause.
Entrou no meu coração
uma parte de felicidade
da qual sei a razão
C'est lui pour moi. Moi pour lui
Dans la vie,
Il me l'a dit, l'a juré pour la vie.
Sou eu para ele. Ele para mim
na vida
Ele disse-mo. Jurou-me para a vida.
Et des que je l'apercois
Alors je sens en moi
Mon coeur qui bat
E assim que o vejo
Então sinto
Bater o meu coração
Des nuits d'amour a ne plus en finir
Un grand bonheur qui prend sa place
Des enuis des chagrins, des phases
Heureux, heureux a en mourir.
Noites de amor sem fim
Uma grande felicidade que ganha o seu lugar
Aborrecimentos, desgostos, algumas fases
feliz, feliz, tão feliz que poderia morrer
Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose.
Quando ele me toma nos seus braços
Fala-me baixinho
e vejo a vida cor-de-rosa
Il me dit des mots d'amour,
Des mots de tous les jours,
Et ca me fait quelque chose.
Diz-me palavras de amor
palavras de todos os dias
e isso faz-me alguma coisa
Il est entré dans mon coeur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause.
Entrou no meu coração
uma parte de felicidade
da qual sei a razão
C'est toi pour moi. Moi pour toi
Dans la vie,
Il me l'a dit, l'a jure pour la vie.
Sou eu para ele. Ele para mim
na vida
Ele disse-mo. Jurou-me para a vida.
Et des que je l'apercois
Alors je sens en moi
Mon coeur qui bat
E assim que o vejo
Então sinto
Bater o meu coração
O número de versões existentes é disso testemunho indo desde Armstrong até Pavarotti passando por outros nomes como Diana Krall, Donna Summer, Marlene Dietrich, Aznavour ...
Oiçam aqui esta canção numa interpretação extraída do filme "9 Garçons 1 Coeur" de 1948.
Des yeux qui font baiser les miens,
Un rire qui se perd sur sa bouche,
Voila le portrait sans retouche
De l'homme auquel j'appartiens
Uns olhos que fazem baixar os meus
Um riso que se perde na sua boca
Eis o retrato sem correcções
Do homem a que pertenço
Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose.
Quando ele me toma nos seus braços
Fala-me baixinho
e vejo a vida cor-de-rosa
Il me dit des mots d'amour,
Des mots de tous les jours,
Et ca me fait quelque chose.
Diz-me palavras de amor
palavras de todos os dias
e isso faz-me alguma coisa
Il est entré dans mon coeur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause.
Entrou no meu coração
uma parte de felicidade
da qual sei a razão
C'est lui pour moi. Moi pour lui
Dans la vie,
Il me l'a dit, l'a juré pour la vie.
Sou eu para ele. Ele para mim
na vida
Ele disse-mo. Jurou-me para a vida.
Et des que je l'apercois
Alors je sens en moi
Mon coeur qui bat
E assim que o vejo
Então sinto
Bater o meu coração
Des nuits d'amour a ne plus en finir
Un grand bonheur qui prend sa place
Des enuis des chagrins, des phases
Heureux, heureux a en mourir.
Noites de amor sem fim
Uma grande felicidade que ganha o seu lugar
Aborrecimentos, desgostos, algumas fases
feliz, feliz, tão feliz que poderia morrer
Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose.
Quando ele me toma nos seus braços
Fala-me baixinho
e vejo a vida cor-de-rosa
Il me dit des mots d'amour,
Des mots de tous les jours,
Et ca me fait quelque chose.
Diz-me palavras de amor
palavras de todos os dias
e isso faz-me alguma coisa
Il est entré dans mon coeur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause.
Entrou no meu coração
uma parte de felicidade
da qual sei a razão
C'est toi pour moi. Moi pour toi
Dans la vie,
Il me l'a dit, l'a jure pour la vie.
Sou eu para ele. Ele para mim
na vida
Ele disse-mo. Jurou-me para a vida.
Et des que je l'apercois
Alors je sens en moi
Mon coeur qui bat
E assim que o vejo
Então sinto
Bater o meu coração
sábado, 3 de janeiro de 2009
Georges Brassens (1921-1981) - Je me suis fait tout petit
Nos próximos tempos vou continuar na música de expressão francesa, por razões meramente cronológicas (foram as canções da minha infância, algumas delas ...). A tradução a partir do original em francês é minha.
Georges Brassens
JE ME SUIS FAIT TOUT PETIT (1955)
Oiçam aqui esta canção interpretada por Brassens.
Canção dedicada a Joha Heiman (1911-1999) Estoniana por quem se apaixonou, e a quem foi fiel a partir dessa data, apesar de nunca ter casado ou sequer vivido com ela (Brassens conheceu-a em 1947 ou seja oito anos antes desta canção).
Je n'avait jamais ôté mon chapeau
Devant personne
Maintenant je rampe et je fait le beau
Quand elle me sonne
J'étais chien méchant elle me fait manger
Dans sa menotte
J'avais des dents de loup, je les ai changées
Pour des quenottes!
Nunca tinha tirado o meu chapéu
para ninguém
Agora rastejo e faço habilidades
quando ela me chama
Era um cão vadio agora ela faz-me comer
com as suas algemas
Tinha dentes de lobo e mudei-os
para dentes de leite
[Refrão]
Je me suis fait tout petit devant une poupée
Qui ferme les yeux quand on la couche
Je me suis fait tout petit devant une poupée
Qui fait Maman quand on la touche.
Fiz-me muito pequeno face a uma boneca
Que fecha os olhos quando a deitamos
Fiz-me muito pequeno face a uma boneca
Que diz mamã quando a tocamos
J'étais dur à cuire elle m'a converti
La fine mouche
Et je suis tombé tout chaud, tout rôti
Contre sa bouche
Qui a des dents de lait quand elle sourit
Quand elle chante
Et des dents de loup, quand elle est furie
Qu'elle est méchante.
Eu não era pêra doce mas ela converteu-me
a velha raposa
e caí quente e pronto a comer
contra a sua boca
que tem dentes de leite quando sorri
quando canta
e dentes de lobo quando está furiosa
quando é maldosa
[Refrão]
Je subis sa loi, je file tout doux
Sous son empire
Bien qu'elle soit jalouse au-delà de tout
Et même pire
Une jolie pervenche qui m'avait paru
Plus jolie qu'elle
Une jolie pervenche un jour en mourut
A coup d'ombrelle.
Respeito as suas leis, sou cordeiro manso
sobre as suas ordens
Mesmo que ela seja ciumenta acima de tudo
e mesmo pior
Uma bela murta que me havia parecido
mais bela que ela
Uma bela murta um dia morreu
a golpes de guarda-chuva
[Refrão]
Tous les somnambules, tous les mages m'ont
Dit sans malice
Qu'en ses bras en croix, je subirais mon
Dernier supplice
Il en est de pires il en est de meilleures
Mais à tout prendre
Qu'on se pende ici, qu'on se pende ailleurs
S'il faut se pendre.
Todos os sonâmbulos, todos os mágicos
disseram-me sem malícia
que nos seus braços em cruz
passarei meu ultimo suplício
Há piores, Há melhores
mas já que é preciso
que nos enforquemos aqui, melhor aqui que ali
se é mesmo necessária a forca
[Refrão]
Georges Brassens
JE ME SUIS FAIT TOUT PETIT (1955)
Oiçam aqui esta canção interpretada por Brassens.
Canção dedicada a Joha Heiman (1911-1999) Estoniana por quem se apaixonou, e a quem foi fiel a partir dessa data, apesar de nunca ter casado ou sequer vivido com ela (Brassens conheceu-a em 1947 ou seja oito anos antes desta canção).
Je n'avait jamais ôté mon chapeau
Devant personne
Maintenant je rampe et je fait le beau
Quand elle me sonne
J'étais chien méchant elle me fait manger
Dans sa menotte
J'avais des dents de loup, je les ai changées
Pour des quenottes!
Nunca tinha tirado o meu chapéu
para ninguém
Agora rastejo e faço habilidades
quando ela me chama
Era um cão vadio agora ela faz-me comer
com as suas algemas
Tinha dentes de lobo e mudei-os
para dentes de leite
[Refrão]
Je me suis fait tout petit devant une poupée
Qui ferme les yeux quand on la couche
Je me suis fait tout petit devant une poupée
Qui fait Maman quand on la touche.
Fiz-me muito pequeno face a uma boneca
Que fecha os olhos quando a deitamos
Fiz-me muito pequeno face a uma boneca
Que diz mamã quando a tocamos
J'étais dur à cuire elle m'a converti
La fine mouche
Et je suis tombé tout chaud, tout rôti
Contre sa bouche
Qui a des dents de lait quand elle sourit
Quand elle chante
Et des dents de loup, quand elle est furie
Qu'elle est méchante.
Eu não era pêra doce mas ela converteu-me
a velha raposa
e caí quente e pronto a comer
contra a sua boca
que tem dentes de leite quando sorri
quando canta
e dentes de lobo quando está furiosa
quando é maldosa
[Refrão]
Je subis sa loi, je file tout doux
Sous son empire
Bien qu'elle soit jalouse au-delà de tout
Et même pire
Une jolie pervenche qui m'avait paru
Plus jolie qu'elle
Une jolie pervenche un jour en mourut
A coup d'ombrelle.
Respeito as suas leis, sou cordeiro manso
sobre as suas ordens
Mesmo que ela seja ciumenta acima de tudo
e mesmo pior
Uma bela murta que me havia parecido
mais bela que ela
Uma bela murta um dia morreu
a golpes de guarda-chuva
[Refrão]
Tous les somnambules, tous les mages m'ont
Dit sans malice
Qu'en ses bras en croix, je subirais mon
Dernier supplice
Il en est de pires il en est de meilleures
Mais à tout prendre
Qu'on se pende ici, qu'on se pende ailleurs
S'il faut se pendre.
Todos os sonâmbulos, todos os mágicos
disseram-me sem malícia
que nos seus braços em cruz
passarei meu ultimo suplício
Há piores, Há melhores
mas já que é preciso
que nos enforquemos aqui, melhor aqui que ali
se é mesmo necessária a forca
[Refrão]
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sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Amsterdam - Jacques Brel (1929-1978)
Curiosamente esta canção que viria a ser uma das mais conhecidas de Brel nunca fez parte de nenhum dos seus discos de originais para gravação em Estúdio. Em parte compreende-se porque esta canção ganha imenso com a interpretação de Brel em palco.
Foi interpretada pela primeira vez ao vivo no Olympia em 1964 com uma ovação em pé de três minutos. A tradução para português do original em francês é minha.
Oiçam aqui o único Jacques Brel numa das suas interpretações desta canção fabulosa.
Aviso: A linguagem é um razoavelmente forte (e procurou manter-se na tradução).
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui chantent
Les rêves qui les hantent
Au large d'Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui dorment
Comme des oriflammes
Le long des berges mornes
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui meurent
Pleins de bière et de drames
Aux premières lueurs
Mais dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui naissent
Dans la chaleur épaisse
Des langueurs océanes
No porto de Amesterdão
Há marinheiros que cantam
Os sonhos que os perseguem
Ao largo de Amsterdão
No porto de Amsterdão
Há marinheiros que dormem
como estandartes
ao longo das margens mornas
No porto de Amsterdão
Há marinheiros que morrem
cheios de cerveja e dramas
à primeira luz da madrugada
mas no porto de Amsterdão
Há marinheiros que nascem
no calor espesso
da fadiga oceânica
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui mangent
Sur des nappes trop blanches
Des poissons ruisselants
Ils vous montrent des dents
A croquer la fortune
A décroisser la lune
A bouffer des haubans
Et ça sent la morue
Jusque dans le coeur des frites
Que leurs grosses mains invitent
A revenir en plus
Puis se lèvent en riant
Dans un bruit de tempête
Referment leur braguette
Et sortent en rotant
No porto de Amsterdão
há marinheiros que comem
em toalhas demasiado brancas
peixes escorregadios
mostram-vos os dentes
que mastigam a sorte
diminuem a lua
comeriam cabos
e cheira a bacalhau
até ao coração dos fritos
que as suas mãos grandes
convidam a repetir
depois levantam-se rindo
num barulho de tempestade
fecham a braguilha
e saem arrotando
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui dansent
En se frottant la panse
Sur la panse des femmes
Et ils tournent et ils dansent
Comme des soleils crachés
Dans le son déchiré
D'un accordéon rance
Ils se tordent le cou
Pour mieux s'entendre rire
Jusqu'à ce que tout à coup
L'accordéon expire
Alors le geste grave
Alors le regard fier
Ils ramènent leur batave
Jusqu'en pleine lumière
No porto de Amsterdão
Há marinheiros que dançam
roçando a sua pança
na pança das mulheres
e giram e dançam
como sois cuspidos
num som rasgado
de um acordeão ranço
Voltam o pescoço
para melhor se ouvir rir
até que de repente
o acordeão morre
e então com um gesto grave
com um olhar orgulhoso
levam a sua carcaça
até à luz
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui boivent
Et qui boivent et reboivent
Et qui reboivent encore
Ils boivent à la santé
Des putains d'Amsterdarn
De Hambourg ou d'ailleurs
Enfin ils boivent aux dames
Qui leur donnent leur joli corps
Qui leur donnent leur vertu
Pour une pièce en or
Et quand ils ont bien bu
Se plantent le nez au ciel
Se mouchent dans les étoiles
Et ils pissent comme je pleure
Sur les femmes infidèles
Dans le port d'Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam.
No porto de Amsterdão
há marinheiros que bebem
e que bebem e rebebem ainda
e que bebem mais ainda
bebem à saúde
das putas de Amsterdão
De Hamburgo ou de outro local
enfim bebem às senhoras
que lhes oferecem o seu corpo
que lhes oferecem a sua virtude
por uma moeda de ouro
e quando beberam suficiente
espalham o nariz no céu
assoam-se nas estrelas
e mijam como eu choro
nas mulheres infiéis
No porto de Amsterdão
No porto de Amsterdão
Foi interpretada pela primeira vez ao vivo no Olympia em 1964 com uma ovação em pé de três minutos. A tradução para português do original em francês é minha.
Oiçam aqui o único Jacques Brel numa das suas interpretações desta canção fabulosa.
Aviso: A linguagem é um razoavelmente forte (e procurou manter-se na tradução).
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui chantent
Les rêves qui les hantent
Au large d'Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui dorment
Comme des oriflammes
Le long des berges mornes
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui meurent
Pleins de bière et de drames
Aux premières lueurs
Mais dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui naissent
Dans la chaleur épaisse
Des langueurs océanes
No porto de Amesterdão
Há marinheiros que cantam
Os sonhos que os perseguem
Ao largo de Amsterdão
No porto de Amsterdão
Há marinheiros que dormem
como estandartes
ao longo das margens mornas
No porto de Amsterdão
Há marinheiros que morrem
cheios de cerveja e dramas
à primeira luz da madrugada
mas no porto de Amsterdão
Há marinheiros que nascem
no calor espesso
da fadiga oceânica
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui mangent
Sur des nappes trop blanches
Des poissons ruisselants
Ils vous montrent des dents
A croquer la fortune
A décroisser la lune
A bouffer des haubans
Et ça sent la morue
Jusque dans le coeur des frites
Que leurs grosses mains invitent
A revenir en plus
Puis se lèvent en riant
Dans un bruit de tempête
Referment leur braguette
Et sortent en rotant
No porto de Amsterdão
há marinheiros que comem
em toalhas demasiado brancas
peixes escorregadios
mostram-vos os dentes
que mastigam a sorte
diminuem a lua
comeriam cabos
e cheira a bacalhau
até ao coração dos fritos
que as suas mãos grandes
convidam a repetir
depois levantam-se rindo
num barulho de tempestade
fecham a braguilha
e saem arrotando
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui dansent
En se frottant la panse
Sur la panse des femmes
Et ils tournent et ils dansent
Comme des soleils crachés
Dans le son déchiré
D'un accordéon rance
Ils se tordent le cou
Pour mieux s'entendre rire
Jusqu'à ce que tout à coup
L'accordéon expire
Alors le geste grave
Alors le regard fier
Ils ramènent leur batave
Jusqu'en pleine lumière
No porto de Amsterdão
Há marinheiros que dançam
roçando a sua pança
na pança das mulheres
e giram e dançam
como sois cuspidos
num som rasgado
de um acordeão ranço
Voltam o pescoço
para melhor se ouvir rir
até que de repente
o acordeão morre
e então com um gesto grave
com um olhar orgulhoso
levam a sua carcaça
até à luz
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui boivent
Et qui boivent et reboivent
Et qui reboivent encore
Ils boivent à la santé
Des putains d'Amsterdarn
De Hambourg ou d'ailleurs
Enfin ils boivent aux dames
Qui leur donnent leur joli corps
Qui leur donnent leur vertu
Pour une pièce en or
Et quand ils ont bien bu
Se plantent le nez au ciel
Se mouchent dans les étoiles
Et ils pissent comme je pleure
Sur les femmes infidèles
Dans le port d'Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam.
No porto de Amsterdão
há marinheiros que bebem
e que bebem e rebebem ainda
e que bebem mais ainda
bebem à saúde
das putas de Amsterdão
De Hamburgo ou de outro local
enfim bebem às senhoras
que lhes oferecem o seu corpo
que lhes oferecem a sua virtude
por uma moeda de ouro
e quando beberam suficiente
espalham o nariz no céu
assoam-se nas estrelas
e mijam como eu choro
nas mulheres infiéis
No porto de Amsterdão
No porto de Amsterdão
Post Inicial
Como alguns já sabem pelo meu outro blog Diz que não gosta de música clássica para além deste tipo de música gosto também muito de música popular de expressão portuguesa e francesa.
Não é que não aprecie a música popular anglo-saxónica mas, sem chauvinismos ou pretensas defesas da língua ou da cultura acho que esse tipo de música já tem promoção suficiente e espaço suficiente nesta nossa blogosfera quanto mais não seja nos Hi5 desta vida, com o devido respeito e vénia.
A decisão de começar este novo blog precisamente no inicio do ano está obviamente relacionado com uma daquelas promessas de Ano Novo. O que vou aqui procurar partilhar convosco são todas as canções, todos os artistas, cantores e poetas de que gosto.
Incluirei também a língua espanhola e italiana neste conjunto porque embora conheça muito mal a música desses países há algumas coisas de que gosto muito e em todo o caso será também uma ocasião para passar a conhecer melhor.
Para inaugurar este blog tinha várias hipóteses todas elas com as suas razões de ser. Poderia começar com a primeira canção de que me lembro da minha infância. "La Bohéme" de Charles Aznavour. Lembro-me de pedir à minha mãe que a colocasse no gravador de K7 e de lhe chamar "La Fenêtre", com 5 anos soava-me melhor ... Poderia também começar com Elis Regina e aqui estaríamos a falar de Águas de Março que ouvi vezes sem conta. Poderia ainda começar com o nosso enorme poeta Ary dos Santos e aí falaria-vos de Estrela da Tarde certamente, ou Amália e nesse caso Foi Deus. Poderia também começar com Piaf e La Vie en Rose ou Brassens e "Les Copains d´abord". Ou podia ser Brel ... e aí haveria ainda um embaraço na escolha da canção.
Só podendo ser um escolhi Jacques Brel sem outra razão que não fosse por hoje estar para aí virado.
Não é que não aprecie a música popular anglo-saxónica mas, sem chauvinismos ou pretensas defesas da língua ou da cultura acho que esse tipo de música já tem promoção suficiente e espaço suficiente nesta nossa blogosfera quanto mais não seja nos Hi5 desta vida, com o devido respeito e vénia.
A decisão de começar este novo blog precisamente no inicio do ano está obviamente relacionado com uma daquelas promessas de Ano Novo. O que vou aqui procurar partilhar convosco são todas as canções, todos os artistas, cantores e poetas de que gosto.
Incluirei também a língua espanhola e italiana neste conjunto porque embora conheça muito mal a música desses países há algumas coisas de que gosto muito e em todo o caso será também uma ocasião para passar a conhecer melhor.
Para inaugurar este blog tinha várias hipóteses todas elas com as suas razões de ser. Poderia começar com a primeira canção de que me lembro da minha infância. "La Bohéme" de Charles Aznavour. Lembro-me de pedir à minha mãe que a colocasse no gravador de K7 e de lhe chamar "La Fenêtre", com 5 anos soava-me melhor ... Poderia também começar com Elis Regina e aqui estaríamos a falar de Águas de Março que ouvi vezes sem conta. Poderia ainda começar com o nosso enorme poeta Ary dos Santos e aí falaria-vos de Estrela da Tarde certamente, ou Amália e nesse caso Foi Deus. Poderia também começar com Piaf e La Vie en Rose ou Brassens e "Les Copains d´abord". Ou podia ser Brel ... e aí haveria ainda um embaraço na escolha da canção.
Só podendo ser um escolhi Jacques Brel sem outra razão que não fosse por hoje estar para aí virado.
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