A seguir a Brel, Brassens, Piaf só poderia ser Leo Ferré. Tenho neste caso como nos outros muita dificuldade em escolher uma canção, apenas uma canção, tenho mais de dez que me vêm imediatamente à memória. Dos quatro artistas de que falei aqui este foi o que consegui ver no Coliseu dos Recreios num concerto que não vou esquecer tão cedo !
Entre elas muitas dos grandes poetas que musicou: Baudelaire, Rimbaud, Appolinaire, Aragon, Verlaine entre outros sendo possivelmente responsável por um muito maior conhecimento
Porem para começar decidi que deveria ser uma canção com poema de Leo Ferré também. Mesmo assim ainda tenho o embaraço da escolha.
Esta canção, Avec le Temps é de 1970 fazendo parte de um dos discos mais relevantes de Léo Ferré o duplo album Amour Anarchie . Oiçam aqui esta canção interpretada pelo próprio (foi cantada por outros, inclusivamente a nossa Eugénia Melo e Castro numa das suas canções retoma uma parte desta canção) mas gosto de ouvir na versão "original".
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
On oublie le visage et l'on oublie la voix
Le coeur quand ça bat plus s'est pas la peine d'aller
Chercher plus loin faut laisser faire et c'est très bien
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
Esquecemos a cara e esquecemos a voz
Quando o coração já não bate já não vale a pena ir
Procurar mais longe é preciso deixar e é muito bom
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
L'autre qu'on adorait qu'on cherchait sous la pluie
L'autre qu'on devinait au détour d'un regard
Entre les mots entre les lignes et sous le fard
D'un serment maquillé qui s'en va faire sa nuit
Avec le temps tout s'évanouit
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
O outro que adorávamos que procurávamos à chuva
O outro que adivinhávamos na sombra de um olhar
Entre as palavras entre as linhas e no cansaço
De um sermão maquilhado que vai fazer a sua noite
Com o tempo tudo desvanece
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
Même les plus chouettes souvenirs ça t'as une de ces gueules
A la Galerie Farfouille dans les rayons de la mort
Le samedi soir quand la tendresse s'en va toute seule
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
Mesmo as melhores recordações tens uma destas caras
No centro comercial confusão no linear da morte
Sábado à noite quando a ternura se vai embora sozinha
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
L'autre à qui l'on croyait pour un rhume pour un rien
L'autre à qui l'on donnait du vent et des bijoux
Pour qui l'on eût vendu son âme pour quelques sous
Devant quoi l'on se traînait comme traînent les chiens
Avec le temps va tout va bien
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
O outro em que acreditávamos por uma constipação por um nada
O outro a quem dávamos o vento e jóias
Por quem teríamos vendido a alma para alguns tostões
À frente de quem rastejávamos como rastejam os cães
Com o tempo tudo se resolve
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
On oublie les passions et l'on oublie les voix
Qui vous disaient tout bas les mots des pauvres gens
Ne rentre pas trop tard surtout ne prends pas froid
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
Esquecemos as paixões e esquecemos as vozes
Que nos diziam muito baixo as palavras das pobres pessoas
Não voltes muito tarde sobretudo não apanhes frio
Avec le temps...
Avec le temps va tout s'en va
Et l'on se sent blanchi comme un cheval fourbu
Et l'on se sent glacé dans un lit de hasard
Et l'on se sent tout seul peut-être mais peinard
Et l'on se sent floué par les années perdues
Com o tempo
Com o tempo tudo parte
E sentimo-nos brancos com um cavalo cansado
E sentimo-nos gelados numa cama de ocasião
E sentimo-nos sós talvez mas tranquilos
E sentimo-nos roubados dos anos perdidos
Alors vraiment
Avec le temps on n'aime plus...
Então verdadeiramente
Com o tempo já não amamos
sábado, 17 de janeiro de 2009
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Esta é a canção de uma geração. Eu também estive nesse memorável concerto no Coliseu.
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