sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Amsterdam - Jacques Brel (1929-1978)

Curiosamente esta canção que viria a ser uma das mais conhecidas de Brel nunca fez parte de nenhum dos seus discos de originais para gravação em Estúdio. Em parte compreende-se porque esta canção ganha imenso com a interpretação de Brel em palco.

Foi interpretada pela primeira vez ao vivo no Olympia em 1964 com uma ovação em pé de três minutos. A tradução para português do original em francês é minha.

Oiçam aqui o único Jacques Brel numa das suas interpretações desta canção fabulosa.

Aviso: A linguagem é um razoavelmente forte (e procurou manter-se na tradução).

Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui chantent
Les rêves qui les hantent
Au large d'Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui dorment
Comme des oriflammes
Le long des berges mornes
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui meurent
Pleins de bière et de drames
Aux premières lueurs
Mais dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui naissent
Dans la chaleur épaisse
Des langueurs océanes

No porto de Amesterdão
Há marinheiros que cantam
Os sonhos que os perseguem
Ao largo de Amsterdão
No porto de Amsterdão
Há marinheiros que dormem
como estandartes
ao longo das margens mornas
No porto de Amsterdão
Há marinheiros que morrem
cheios de cerveja e dramas
à primeira luz da madrugada
mas no porto de Amsterdão
Há marinheiros que nascem
no calor espesso
da fadiga oceânica

Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui mangent
Sur des nappes trop blanches
Des poissons ruisselants
Ils vous montrent des dents
A croquer la fortune
A décroisser la lune
A bouffer des haubans
Et ça sent la morue
Jusque dans le coeur des frites
Que leurs grosses mains invitent
A revenir en plus
Puis se lèvent en riant
Dans un bruit de tempête
Referment leur braguette
Et sortent en rotant

No porto de Amsterdão
há marinheiros que comem
em toalhas demasiado brancas
peixes escorregadios
mostram-vos os dentes
que mastigam a sorte
diminuem a lua
comeriam cabos
e cheira a bacalhau
até ao coração dos fritos
que as suas mãos grandes
convidam a repetir
depois levantam-se rindo
num barulho de tempestade
fecham a braguilha
e saem arrotando

Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui dansent
En se frottant la panse
Sur la panse des femmes
Et ils tournent et ils dansent
Comme des soleils crachés
Dans le son déchiré
D'un accordéon rance
Ils se tordent le cou
Pour mieux s'entendre rire
Jusqu'à ce que tout à coup
L'accordéon expire
Alors le geste grave
Alors le regard fier
Ils ramènent leur batave
Jusqu'en pleine lumière

No porto de Amsterdão
Há marinheiros que dançam
roçando a sua pança
na pança das mulheres
e giram e dançam
como sois cuspidos
num som rasgado
de um acordeão ranço
Voltam o pescoço
para melhor se ouvir rir
até que de repente
o acordeão morre
e então com um gesto grave
com um olhar orgulhoso
levam a sua carcaça
até à luz

Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui boivent
Et qui boivent et reboivent
Et qui reboivent encore
Ils boivent à la santé
Des putains d'Amsterdarn
De Hambourg ou d'ailleurs
Enfin ils boivent aux dames
Qui leur donnent leur joli corps
Qui leur donnent leur vertu
Pour une pièce en or
Et quand ils ont bien bu
Se plantent le nez au ciel
Se mouchent dans les étoiles
Et ils pissent comme je pleure
Sur les femmes infidèles

Dans le port d'Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam.

No porto de Amsterdão
há marinheiros que bebem
e que bebem e rebebem ainda
e que bebem mais ainda
bebem à saúde
das putas de Amsterdão
De Hamburgo ou de outro local
enfim bebem às senhoras
que lhes oferecem o seu corpo
que lhes oferecem a sua virtude
por uma moeda de ouro
e quando beberam suficiente
espalham o nariz no céu
assoam-se nas estrelas
e mijam como eu choro
nas mulheres infiéis

No porto de Amsterdão
No porto de Amsterdão

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